quarta-feira, 21 de setembro de 2022
As mulheres do Daomé 2022
As mulheres do Daomé.
O Filme King Woman traz para a cena atual, o papel das mulheres do Daomé, atual, Benin e inspira o Brasil sobre as mulheres negras que mantem esta tradição de luta ,combates, organizações, ciência e ancestralidade. Estive no Benin em 1986 numa vista para a instalação da Casa do Benin em Salvador, com Pierre Verger, Arlete Soares e Roberto Dias, como dirigente da Fundação Gregório de Mattos e pude ver a força e o positivo papel das mulheres em Uidá, Salete, Pobé, Cotonu, cuja repercussão pode ser vista em Salvador, Sao Luis, Rio de Janeiro onde a forte presença do candomblé, umbanda, fez se replicar parte destas experiências africanas e das mulheres quebrando mitos e preconceitos.
Contudo é importante ressaltar que esta participação militar e guerreira das mulheres africanas podemos encontra la no passado e no presente nas lutas de libertação e nas campanha dos direitos das mulheres e do meio ambiente em solo africano. Os nomes de mulheres da Núbia, Etiópia, Egito. Angola, Congo, Madagascar, Ghana, sao frequentes e comprovados que existiram mulheres africanas que lideram seus povos com força e garra, Hastescput, Nefertiti, Nefertari, Makeda de Axum, Ginga de Angola, Judtih da Etiópia, Ranavalona III de Madagascar Yaa Ashantewaa do povo Ashanti, são algumas das heroínas fantásticas do continente e inspiração ao Brasil e a nossa negritude.
O Filme sobre as Amazonas do Daomé dar uma aula publica de história, geografia e atualiza a visão do continente para além da falsa idéia de submissão das mulheres diante de homens e de estrangeiros. Os blocos afros de Salvador tem narrados estas historias em seus enredos com destaque para o Ilê e o Olodum, e os compositores de blocos e afoxés, discorrendo sobre a beleza e a força das mulheres guerreiras de tal modo que Viola Davis será bem bem vinda ao turbilhão da negritude baiana e brasileira como uma irmã do poder simbólico que estamos atualizando e recriando ao contar em cada carnaval um pouco da dimensão do papel das mulheres na África e Brasil.
O bom é não poder ter ilusão, os países da África ainda tem muito que fazer resolver em especial do lugar das Mulheres, assim como no Brasil, e entre esta grande população negra mundial que somos. Penso que se não apoiarmos a luta das mulheres negras no mundo não será possível avançar a luta contra o racismo e o machismo, sementes de uma arvores do marque mesmo cortada insiste em retornar para crescer, as mulheres do Daomé existem ainda nas grandes cidades lutando por seus filhos não morrerem na violência, e recriando organizações espetaculares como o Geledés, o Ara Ketu, a Didá, a revista Raça, o Olodum, o Ilê, os terreiros de candomblés, as candidatas ao poder político mesmo diante de tantas dificuldades. O novo filme sobre as Amazonas serve para revisitarmos a nós mesmo no mundo babilônico do Brasil europeu.
João Jorge - Presidente do Olodum - Advogado - Mestre em Direito Público e autor dos livros: Olodum uma estrada da paixão e Fala Negao- Uma história da igualdade.
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