segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Azoany.. Fé na nossa gente.. África sempre Bahia sempre. Do Pelourinho a São Lazaro..2015.





Nubia Axum Etiópia. 1989. Bloco Olodum.... Samba Reggae. CDMO


Marcus Garvey O Rastafarianismo e o Olodum. Dia 17 de agosto de 2015.


O RASTAFARIANISMO E O OLODUM

“Olhem para a África onde será coroado um Rei Negro”

(Marcus Garvey 1877 - 1940)

Em 1929, Marcus Moisah Garvey, líder negro Jamaicano, proferiu estas palavras acima, que se transformaram em uma realidade quando o imperador Haillê Selassiê, assumiu o trono da Etiópia, e recuperou os títulos sagrados de "O Leão de Judá, estrela de Davi, o Rei dos Reis” cumprindo assim, a profecia deste Jamaicano espetacular, símbolo e início da projeção da filosofia Rastafari pelo mundo. 

Marcus Garvey nasceu na Jamaica no dia 17 de agosto de 1877 e morreu pobre, em Londres no ano de 1940. Foi transformado em herói nacional da Jamaica em 1964. Era um negro politizado, e foi um grande empresário que criou uma companhia negra chamada "Estrela Negra " para transportar negros dos Estados Unidos e do Caribe para África, de navios. 

A sua filosofia baseava-se na idéia de que os negros da diáspora deveriam voltar para a África. Foram as idéias deste homem que Bob Marley, Jimmy Cliff, Peter Tosh, e Mutuabaruka divulgaram pelo mundo através do reggae. Mais do que suas palavras, os adeptos do reggae e da filosofia Rastafari absorveram as cores internacionais do Pan-Africanismo (O verde, o vermelho, o branco, o amarelo e o preto) como cores da luta dos africanos fora da África. Hoje, milhões de pessoas em todo o mundo cantam músicas que são na realidade os discursos políticos do mais carismático líder negro do Caribe. 

A paixão deste homem pela luta negra e a incrível capacidade de ação na Jamaica e nos Estados Unidos, trouxe vários problemas para Marcus Garvey. A inveja e o ódio das lideranças negras conservadoras e tradicionalistas e a raiva dos brancos racistas, que não queriam nos Estados Unidos um negro tomando iniciativas empresariais para a comunidade negra, e dando resultados positivos.

Marcus Garvey criou uma organização chamada Unia (Universal Negro Improvement Associattion) Associação Universal de Desenvolvimento do Negro, uma organização de massa, que existiu em vários países. Junto com a companhia de navegação "Estrela Negra”. Marcus Garvey mobilizou milhares de pessoas nos Estados Unidos e Caribe. 

Lançou as bases do atual movimento negro de todo o mundo dando-lhe vigor, idéias e sonhos. Sua principal arma foi a cultura, pois, Marcus Garvey compreendeu o papel e a importância desta para a identidade e consciência negra das populações pobres do terceiro mundo e nos Estados Unidos. 

Marcus Garvey falava em defesa da autonomia e determinação dos povos do terceiro mundo e chamava a civilização ocidental e capitalista de "Babilônia". Clamava por justiça para os nossos profetas e heróis assassinados durante o período da escravidão e tirados da África à força para construir as riquezas do mundo ocidental, branco e capitalista é este homem que o Olodum homenageia. 

É a saga da luta e da filosofia Rastafari que o Olodum vem exaltar no seu aspecto político-social, para que todos compreendam porque o Olodum usa estas cores, (o verde, o amarelo, branco, preto e o vermelho). Por que usamos cabelos Rastafari, e qual a identidade das músicas que cantamos com o nosso povo.

“Quando eu morrer, enrolem meu corpo no manto vermelho, amarelo, branco preto, verde, porque, na nova vida eu levantarei, conduzindo milhões para as alturas do triunfo, com as cores que vocês já conhecem muito bem”. 

Procurem-me no redemoinho ou na tempestade. “Procurem por mim ao seu redor, porque eu deverei vir e trazer comigo milhões de escravos negros mortos na América e Índias Ocidentais e milhões na África para auxiliá-los na luta pela liberdade, paz e vida”


Marcus Garvey

Agosto 2015. Dia 17 Nascimento de Marcus Garvey na Jamaica - O pai do Rastafarianismo. CDMO. O Reggae não pode morrer.







quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Revolta dos Búzios - A Execução dos condenados - A Justiça dos Senhores 1799





A Revolta dos Búzios 1798.
A Execução dos Heróis da Pátria
8 de novembro de 1799.
A Justiça dos senhores.

Nos densos e volumosos registros dos “Autos da Devassa””processo de acusação dos réus, ficou o detalhamento macabro do destino dos restos mortais dos quatro réus":

Para Lucas Dantas:

Depois de [morto] será separada a cabeça, e o corpo [....] feitos em quartos, sendo conduzida a [cabeça] ao sítio mais descoberto e público do Campo do Desterro e pregada em um poste levantado até que o tempo a consuma, e da mesma sorte os quatro quartos, ficando em distâncias proporcionais desde a casa, que foi de sua habitação até o dito sítio, por ser o próprio destinado para o infame, e sedicioso ajuntamento da noite de 25 de agosto. (AUTOS..., 1998, p. 1145)

Para João de Deus:

Será igualmente posta a cabeça do réu João de Deus, defronte da casa que lhe servia de morada, e os quartos nos cais de maior frequência e comércio desta Cidade até que uns, e outros sejam consumidos pelo tempo para ser assim patente a todos, a enormidade de seu delito e a correspondente punição. (Ibidem, p. 1145)

Para Manuel Faustino:

“A cabeça do réu Manuel Faustino, por não ter habitação certa se porá defronte da casa do primeiro réu Lucas Dantas, onde fazia a sua maior assistência e esperou os convidados na referida noite de 25 de agosto, encaminhando-os para o Campo do Dique”. (Ibidem, p. 1145)

Para Luiz Gonzaga:

condenado sob acusação de ter escrito os “papéis revolucionários”, seu esquartejamento teve simbolicamente outro fim: “sendo-lhe depois de morto decepadas as mão e Cortada a Cabeça, as quais ficaram postadas no lugar da execução até que o tempo os consuma”. (Ibidem, p. 165)
A justiça real determinou que os pedaços de todos os corpos ficassem expostos até que “sejam consumidos pelo tempo”. No entanto, alguns dias depois, o Provedor da Saúde da cidade e o médico e cirurgião do Senado solicitaram a retirada, com o argumento de que o mau cheiro emanado causava “gravíssimo prejuízo aos moradores” da cidade. Em meados de novembro, o que sobrava dos restos mortais dos quatro mártires foi retirado dos postes públicos.

Mas, com a resolução final do Tribunal da Relação, a violência que se abatia sobre os quatro conjurados pardos, ainda teria outro cruel complemento:

Outrossim, declaram que as casas dos dois primeiros réus, sendo próprias serão arrasadas, e salgadas para que nunca mais ai se edifique, levantando um padrão [marco de pedra], em que se conserve a lembrança da sua infâmia: igualmente os condenam na confiscação de todos os seus bens para o Fisco e Câmera Real, e os julgam incursos no crime de lesa-majestade de primeira cabeça, e por isso infames para a sempre a sua memória, seus filhos e netos. (Ibidem, p.1145, grifos nossos).
O impiedoso ritual das punições, com humilhantes açoites públicos e a expressão máxima da morte na forca com esquartejamento, demonstrava claramente que qualquer gesto de contestação à Coroa Portuguesa não seria admitido na Colônia. 

Ao sentenciar que as casas dos réus condenados fossem “arrasadas e salgadas para que nunca mais aí se edifique” e que sejam “infames para sempre a sua memória, seus filhos e netos”, o reino de Portugal buscava fazer com que a memória dos revoltosos de 1798 fosse apagada para sempre, dando uma demonstração de força em resposta à ousadia desafiadora e libertária que havia surgido na Bahia.


Fonte : Calendário sobre a Revolta dos Búzios - Antonio Olavo. 

Quando no Egito... Gizé