segunda-feira, 26 de setembro de 2022
quarta-feira, 21 de setembro de 2022
As mulheres do Daomé 2022
As mulheres do Daomé.
O Filme King Woman traz para a cena atual, o papel das mulheres do Daomé, atual, Benin e inspira o Brasil sobre as mulheres negras que mantem esta tradição de luta ,combates, organizações, ciência e ancestralidade. Estive no Benin em 1986 numa vista para a instalação da Casa do Benin em Salvador, com Pierre Verger, Arlete Soares e Roberto Dias, como dirigente da Fundação Gregório de Mattos e pude ver a força e o positivo papel das mulheres em Uidá, Salete, Pobé, Cotonu, cuja repercussão pode ser vista em Salvador, Sao Luis, Rio de Janeiro onde a forte presença do candomblé, umbanda, fez se replicar parte destas experiências africanas e das mulheres quebrando mitos e preconceitos.
Contudo é importante ressaltar que esta participação militar e guerreira das mulheres africanas podemos encontra la no passado e no presente nas lutas de libertação e nas campanha dos direitos das mulheres e do meio ambiente em solo africano. Os nomes de mulheres da Núbia, Etiópia, Egito. Angola, Congo, Madagascar, Ghana, sao frequentes e comprovados que existiram mulheres africanas que lideram seus povos com força e garra, Hastescput, Nefertiti, Nefertari, Makeda de Axum, Ginga de Angola, Judtih da Etiópia, Ranavalona III de Madagascar Yaa Ashantewaa do povo Ashanti, são algumas das heroínas fantásticas do continente e inspiração ao Brasil e a nossa negritude.
O Filme sobre as Amazonas do Daomé dar uma aula publica de história, geografia e atualiza a visão do continente para além da falsa idéia de submissão das mulheres diante de homens e de estrangeiros. Os blocos afros de Salvador tem narrados estas historias em seus enredos com destaque para o Ilê e o Olodum, e os compositores de blocos e afoxés, discorrendo sobre a beleza e a força das mulheres guerreiras de tal modo que Viola Davis será bem bem vinda ao turbilhão da negritude baiana e brasileira como uma irmã do poder simbólico que estamos atualizando e recriando ao contar em cada carnaval um pouco da dimensão do papel das mulheres na África e Brasil.
O bom é não poder ter ilusão, os países da África ainda tem muito que fazer resolver em especial do lugar das Mulheres, assim como no Brasil, e entre esta grande população negra mundial que somos. Penso que se não apoiarmos a luta das mulheres negras no mundo não será possível avançar a luta contra o racismo e o machismo, sementes de uma arvores do marque mesmo cortada insiste em retornar para crescer, as mulheres do Daomé existem ainda nas grandes cidades lutando por seus filhos não morrerem na violência, e recriando organizações espetaculares como o Geledés, o Ara Ketu, a Didá, a revista Raça, o Olodum, o Ilê, os terreiros de candomblés, as candidatas ao poder político mesmo diante de tantas dificuldades. O novo filme sobre as Amazonas serve para revisitarmos a nós mesmo no mundo babilônico do Brasil europeu.
João Jorge - Presidente do Olodum - Advogado - Mestre em Direito Público e autor dos livros: Olodum uma estrada da paixão e Fala Negao- Uma história da igualdade.
terça-feira, 19 de julho de 2022
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quarta-feira, 18 de maio de 2022
quinta-feira, 17 de março de 2022
Os ideais da Revolta dos Buzios no Brasil - A luta pela Igualdade . by Joao Jorge,
A Revolução dos Búzios 1798 -2021
A inspiração da igualdade no Brasil.
A luta contra o racismo global é algo atual, é um caminho que pode ajudar o combater a desigualdade em todo o mundo, esta luta tem tido bons avanços e muitos recuos, há um novo posicionamento de setores conservadores em diversos países que veem a igualdade com algo ruim e preferem manter os privilégios de classe de castas e ou de status social. Após a segunda guerra mundial, o chamado mundo livre ou democrático foi surpreendido com manifestações anti racismo e pro igualdade em diversos países tais como Estados Unidos, Inglaterra, França, África do Sul e Brasil, alem da explosão das independências dos países africanos, desde 1957 (Ghana) .
Em todos estes casos as inspirações sobre a igualdade foram fundamentais para mobilizar e gerar uma consciência critica de como os casos de racismos não eram individuais e sim estrutural e institucionais, e que deveriam serem resolvidos seguindo os diferentes modelos de inspiração nacional, via a religião, via a cultura, via o esporte, ou um herói nacional ou local, ou ainda um fato extraordinário, que pudesse produzir a liga das pessoas e as novas necessidades de lutas contra o racismo e outras ideologias, tais como machismo, capitalismo, etc.
A vivencia de Mandela, King, Ghandi, Nkrumah, Almicar Cabral, Agostinho Neto, exigiu destes lideres referencias e inspirações positivas para o exercício de praticas de desobediência civil e mobilizações contra o apartheid e contra o racismo e a luta contra a política de castas, e a dominação inglesa na Africa Ocidental, foi um período do nascimento da negritude e do uso da desobediência civil como inspiração para a busca da igualdade de um país para outro. Nos casos de Rosa Park, nos Estados Unidos, e de Ghandy ao fazer o Sal na India e Mandela com as queimas de passaportes para circulação interna na África do Sul estes foram a inspiração para a luta de liberdade e para a Guiné Bissau e Angola países de língua portuguesa, cuja a idéia de renascimento africano foi a inspiração fundamental cujos exemplos chegaram ao movimento negro anti racista do Brasil.
Trago uma proposição sobre a ideia de buscarmos na Revolta dos Búzios a inspiração que os brasileiros precisam para avançarem em prol da igualdade social nacional. No caso brasileiro algo para ser pensado sobre a ótica de combate à desigualdade e de promoção da igualdade racial étnica que precisamos mudar socialmente. Nossas referências tem sido de ícones da África, Estados Unidos, e Índia, contudo há um fato nacional ocorrido em Salvador, Bahia em 1798, forte o suficiente para inspirar os brasileiros na busca desse caminho utilizando como referência os valores da igualdade da fraternidade para a independência do Brasil e um desenvolvimento nacional, e abertura de portos ha nações amigas..
Durante os 521 anos, a luta pela liberdade e igualdade no Brasil foi uma ação básica dos oprimidos contra opressores e vice versa, a exemplo dos africanos, dos povos indígenas, das mulheres e de vários setores sociais em busca de oportunidade e igualdade. Essa pauta avança em todo o mundo, apesar da velocidade não acompanhar a urgência que o tema exige. Em pleno ano de 2021, observamos que esta luta continua intensa com vários casos de racismo, opressão a grupos minoritários, fazendo com que a luta por igualdade continue como imprescindível em prol da cidadania e da democracia, o principal valor civilizatório a ser alcançado para o nosso efetivo progresso e desenvolvimento.
Apesar de avanços conquistados com as ações afirmativas, o movimento das empresas nacionais e internacionais pela busca da diversidade e inclusão e imprensa em geral para dar visibilidade às situações promovidas pelo racismo estrutural e institucional, acompanhamos ainda casos inaceitáveis de discriminação contra pessoas de cor negra ou parda em todo o mundo. Casos que ganharam visibilidade mundial como o de George Floyd, e dezenas de outros casos tais como a mortes de mulheres negras por balas perdidas, na Bahia e no Rio de Janeiro, que são divulgados diariamente nos jornais locais e nacionais e que nos revoltam. Quando o massacre ao nosso povo afrodescendente vai acabar?
Apesar de tantos anos de luta, o que eu ainda não me conformo e atuo para esclarecer e visibilizar, que a Bahia e o Brasil possuem uma belíssima história de Luta pela igualdade através da Revolta do Búzios e ainda assim, buscamos inspirações estrangeiras para avançarmos nesse quesito. A Revolta dos Búzios, também conhecida como Revolta dos mulatos, ou Revolta das Argolinhas ou Revolta dos Alfaiates aconteceu entre os dias 12 e 25 de agosto de 1798, em Salvador, na Bahia, sendo para mim o maior marco da luta de importantes baianos em prol da igualdade e fraternidade.
Como entusiasta dessa história, os heróis dessa época são a maior inspiração que carrego para lutar a favor da igualdade no nosso país. Me debrucei nessa luta como um investigador ávido por conhecer profundamente a história do meu povo. A revolta foi pensada por homens comuns que queriam algo mais, homens que almejavam igualdade de oportunidades em todos os ramos da economia e da vida social e o mês de agosto é um grande momento para disseminarmos essa maravilhosa história de irmãos, que iniciaram uma luta que muitos militantes do movimento dos Direitos Humanos e do movimento negro carregam.
Esse ano comemoramos 223 anos da Revolta dos Búzios, os atos primeiros da luta da igualdade no Brasil o marco inicial da luta por Direitos Humanos, eis que mais uma vez o país convive com a omissão da participação da população negra e demais grupos de afinidades na construção histórica da democracia e da igualdade nacional. A falta de informação sobre este tema nos rouba a possibilidade de inspirar as novas gerações trazendo o protagonismo para uma história legitimamente brasileira com protagonismo de heróis baianos - João de Deus , Lucas Dantas, Manuel Faustino, Luís das Virgens .
Nos 233 anos dessa importante revolução baiana uma inquietação ainda me consome. Apesar de todos os esforços feitos pelo Movimento Negro Unificado, de onde esta tese prosperou através de Antonio J. Godi, por mim, pelo Olodum, pelo Ile Aiyê, pelos historiadores, a exemplo do Dr. Luis Henrique Dias Tavares, a Professora Patricia Valim, o cineasta Antonio Olavo, e por outros protagonistas do movimento negro, com um farto material comprobatório no arquivo publico do Estado da Bahia, essa história ainda não alcançou a relevância e notoriedade que merece, Se isso depender dos meios de comunicação e das elites nacionais que os dominam, essa história não será lembrada e nem comemorada com a devida importância histórica que merece.
E este fenômeno da omissão da realidade dos fatos e dos valores da cultura é feito para que o povo negro, descendente do marco zero da luta pelos direitos humanos nas cidades Brasileiras não tenha consciência cidadã de como contribuímos para a república e para a democracia na nação. Não é por acaso que, após 223 anos da prisão de João de Deus , Lucas Dantas, Manuel Faustino e Luís das Virgens, esses heróis se mantém esquecidos e sem a visibilidade proporcional em prol das ideias de independência e igualdade. Dito isso constato que ainda existe um forte preconceito contra estes negros heróis da nação brasileira e da independência deste país.
Acredito ser importante usar esses personagens como inspiração e referências na cidade do Salvador e no Brasil, propagando suas histórias através da inclusão desse tema no currículo escolar, com compromisso de contar essa história brasileira, nomear ruas e avenidas com o nome dos heróis, colocar seus bustos em praças, apoiando assim a consciência dos cidadãos brasileiros sobre a vida desses homens que inspiram a minha luta e que fazem parte da história desse país.
Os desejos dos baianos revoltosos de 1798, incluíam num novo projeto de sociedade baseados na igualdade e na fraternidade. A vontade política manifestada por escrito nos panfletos apreendidos nas ruas de Salvador entre 12 e 25 de agosto daquele ano ainda está por acontecer na Bahia e no Brasil da atualidade. A igualdade de oportunidades, de acesso à educação de qualidade, ao emprego , à segurança pública, à moradia , aos serviços públicos ainda são um sonho na nossa sociedade atual, hora nos enchendo de esperança, hora nos fortalecendo na luta a favor dos direitos civis igualitários de todos os cidadãos brasileiros.
A mensagem de 1798 foi bem simples e direta. Ha de chegar o tempo em que seremos felizes, Há de chegar o tempo em que seremos todos irmãos, há de chegar o tempo que seremos todos iguais. Esse exemplo real do nosso povo é uma poderosa inspiração para formar as nossas futuras gerações sobre a perspectiva do respeito, da não violência contra os nossos irmãos e na busca da igualdade de oportunidades para todos. Com tantas mazelas que vivemos, ter inspirações reais nos ajuda a avançar, utilizando esses personagens com instrumento de luta simbólica fundamental para o avanço democrático.
Os movimentos negros do Brasil de 2021 podem aprender muito com uma revolta de descendentes de africanos urbanos que não tinha motivação religiosa ou étnica, e que incluiu na luta contra o racismo, negros, mulatos e brancos. A pergunta que não quer calar é porque numa cidade que celebra tanto a resistência negra, celebra os heróis de qualquer lugar do mundo , fica em silêncio no momento de celebrar a Revolta dos Búzios.
Em Salvador nós do Olodum carregamos a bandeira da Revolta dos Búzios, reivindicando para que esses heróis estejam incluídos nos símbolos positivos da cidade, do Estado e do Brasil. A inspiração da Revolução dos Alfaiates , a Revolta dos Búzios nos humaniza de novo, pois mostra homens e mulheres negros envolvidos com a construção da igualdade, da democracia, da abolição da escravatura, e escrevendo os primeiros documentos brasileiros a clamar por liberdade total. Nesse momento em que tanto se fala em direitos humanos, nós da comunidade negra, temos e de ter a alegria e honra pelo orgulho de sermos os pioneiros neste país na luta pela igualdade.
Em 1798, os baianos revolucionários pensaram e lutaram por salários iguais, oportunidades para todos e comercio livre com todas as nações do mundo. Convido desta forma os líderes do país, a resgatar as imagens daqueles nossos ancestrais cujas ideias de igualdade oportunidades são uma positiva e mobilizadora e inspiradora ideia de acessos aos recursos do Brasil e alavanca para um desenvolvimento real da nação, hora de fazer valer a máxima de uma frase de 1798 com validade atual. Os onze avisos escritos por nossos antepassados como uma mensagem de orientação trazia varias mensagens assinadas pelos primeiros deputados deste país, e uma destas mensagem dizia” Há de chegar o tempo em que todos seremos iguais, o tempo em que todos seremos irmãos..” uma forte inspiração para os dias atuais.
"Todos terão direitos, sejam negros, mestiços e brancos…”1798.
Joao Jorge Santos Rodrigues
Presidente do Olodum
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